Um resultado norte-coreano

Ontem houve eleições para o próximo mandato dos orgãos sociais da Montis.
Por serem as primeiras depois da constituição da Montis, o processo não foi o mais racional e linear, tendo motivado o protesto justo de um sócio quanto aos procedimentos, estando aprendida a lição: haverá uma proposta de regulamento interno na próxima Assembleia Geral que torne o processo eleitoral mais sólido.
Independentemente dos procedimentos, a verdade é que a Montis ainda não tem a massa crítica suficiente para produzir pelo menos duas listas com perspectivas diferentes sobre a gestão da orientação.
A lista candidata foi eleita com 100% dos votos expressos, presenciais e por correio, de maneira que nos próximos três anos os orgãos sociais da Montis são:

Presidente da mesa da Assembleia Geral - Teresa Maria Gamito
Secretária da mesa da Assembleia Geral - Isabel Pereira dos Santos
Secretário da mesa da Assembleia Geral - Júlio de Jesus

Presidente do Conselho Fiscal - Miguel Peixoto
Vogal do Conselho Fsical - Paulo Pereira
Vogal do Conselho Fiscal - João Cosme

Presidente da Direcção - Henrique Pereira dos Santos
Vice-Presidente da Direcção - Nuno Neves
Secretário-Geral - Luís Rochartre
Tesoureiro - Luis Filipe Costa
Vogal - Pedro Oliveira

Esta lista candidatou-se tendo como objectivos centrais:

1)      Atingir 350 sócios pagantes
a.       o número de sócios que permitirá à Montis pagar um secretariado com base nas quotas dos seus sócios é de 750, devendo ser o objectivo primário em matéria de angariação de sócios;
b.      a história recente da Montis, no entanto, aconselha alguma prudência, nomeadamente tendo em conta alguma baixa fidelidade, razão pela qual se opta por propor um objectivo razoável de 350 sócios no fim do mandato, face aos quase 220 que têm as quotas de 2016 pagas. Até ao fim do ano haverá, com certeza mais pagamentos de quotas, mas ainda assim é natural que não se mantenham os mais de 300 actuais;
2)      Aumentar a área propriedade da Montis
a.       nos seus primeiros anos a Montis comprou 5,5 hectares, tendo ainda 4 mil euros para compra de terrenos;
b.      na segunda parte do mandato que agora acaba a Montis concentrou-se em alargar a área gerida, por acordo com terceiros, procurando os meios para o fazer;
c.       sendo certo que apenas está projectada, com alguma consistência, a gestão do baldio de Carvalhais, estando mais longe a possibilidade de intervir nos terrenos da Altri, ainda assim faz sentido voltar a olhar para a compra de terrenos, parecendo razoável ter como objectivo a duplicação da área propriedade da Montis, tanto mais que os carvalhais que comprámos parecem agora entrar numa fase de menor necessidade de gestão, esperando-se que na próxima Primavera já haja áreas suficientes em que os carvalhos controlem os matos com ensombramento;
3)      Alargar a base territorial da Montis
a.       aproximar a acção da Montis de centros populacionais de maior dimensão, caminhando no sentido de uma distribuição de actividades mais próxima do objectivo nacional que a Montis prossegue;
b.      procurar parceiros em todo o território que permitam o alargamento das actividades da Montis;
4)      Reforçar a gestão das áreas de terceiros sob gestão da Montis
a.       neste momento a Montis gere cerca de 100 hectares do baldio de Carvalhais, 2 hectares de baldio de Valadares e cerca de 50 hectares de propriedades da ALTRI;
b.      não descurando novas oportunidades que venham a verificar-se, a prioridade do novo mandato deve ser o reforço da capacidade de gestão que permita materializar intervenções nestes terrenos, em detrimento da prioridade do mandato inicial, que era alargar a área sob gestão da Montis;
5)      Estruturar o programa de voluntariado
a.       o modelo de gestão de propriedades da Montis não pode assentar no voluntariado, mas deve procurar levar o voluntariado tão longe quanto possível;
b.      o programa de voluntariado deve ser útil do ponto de vista da gestão dos terrenos, mas o seu objectivo central é o envolvimento dos sócios;
c.       o recurso ao voluntariado é fortemente consumidor de recursos, quer em comunicação, para mobilização dos voluntários, quer em gestão, para lhes dar condições de trabalho com utilidade para a Montis, quer ainda em propiciar condições de acompanhamento e conforto que demonstre o respeito e apreço pela boa vontade dos voluntários, quaisquer que sejam os resultados de gestão realmente obtidos;
d.      o último crowdfunding da Montis captou os recursos necessários para durante um ano estruturar um programa de voluntariado que seja motivador e sustentável no futuro, e esse deve ser o objectivo a atingir durante os três anos de mandato.
6)      Reforço do trabalho em rede
a.       desde o início tem havido um esforço, nem sempre bem sucedido, de trabalho em rede, em especial com outras organizações de pessoas comuns que tenham objectivos semelhantes ou complementares;
b.      a relação que temos estabelecido com outras organizações locais não tem sido sempre pacífica, tanto mais que a Montis tem optado por não ter posição política sobre nenhuma questão ambiental, o que motiva alguma desconfiança por parte de pessoas e organizações mais comprometidas no debate público;
c.       também o estabelecimento de uma rede de contactos e trabalho nacional e internacional tem progredido lentamente;
d.      o objectivo para este mandato continua a ser manter e reforçar a capacidade de trabalhar em acções concretas com diferentes organizações, independentemente das diferença de perspectiva que tenham sobre modelos de intervenção na sociedade.
7)      Actividades regulares
a.       no mandato cessante optou-se pela realização de actividades regulares, no mínimo um passeio e uma acção de voluntariado mensal, para além de dois colóquios por ano, tendo como objectivos dar visibilidade à Montis e dar retorno aos sócios da quota paga;
b.      com a estruturação do programa de voluntariado e os passeios do fogo entra-se numa nova fase, com mais actividades, mantendo o foco nas actividades que se relacionam com a gestão directa de terrenos, em detrimento de actividades gerais de sensibilização, o que se pretende manter;
c.       alargar a base territorial para as actividades regulares;
d.      reforçar a responsabilidade dos sócios que se voluntariem para a organização de actividades regulares com base nos temas que prefiram e nos locais que lhes sejam mais próximos, como forma de dar resposta a algumas solicitações nesse sentido e como forma de alargar a capacidade da Montis se expandir organicamente.
8)      Sustentabilidade financeira
a.       a sustentabilidade financeira tem sido uma preocupação constante na Montis, procurando-se ter um horizonte tranquilo de funcionamento de dois anos;
b.      ainda não foi possível chegar a esse ponto, mas há um horizonte de contratação de pelo menos uma pessoa, a um ano;
c.       esse horizonte tem assentado em fontes de financiamento muito voláteis e o objectivo para o próximo mandato deveria centrar-se em garantir que, no fim do mandato que se inicia em 2017, se deveria ter um horizonte de tranquilidade financeira para os dois anos seguintes, com base em fontes de financiamento pouco voláteis;
d.      o segundo objectivo, mantendo a preocupação dos recursos da Montis estarem essencialmente orientados para a gestão de terrenos, deveria ser o de pagar melhor a quem trabalha para a Montis, o que actualmente é manifestamente impossível.
9)      Comunicação
a.       a comunicação é claramente um calcanhar de Aquiles da Montis;
b.      esta característica tem razões estruturais, a prioridade dada à gestão concreta de terrenos, e tem razões conjunturais, a baixa vocação de dirigentes e funcionários para o assunto;
c.       o objectivo para o próximo mandato deveria ser centrado na melhoria da comunicação com os sócios;
d.      em segundo lugar, deveria ser aumentada a notoriedade pública da Montis, em especial dos resultados de gestão que vão sendo obtidos, como condição prévia para o crescimento do número de sócios.
            10)   Estruturação interna
a.       pela primeira vez ir-se-á propor um conselho consultivo que integre as pessoas mais directamente envolvidas na Montis, nomeadamente antigos dirigentes, de modo a alargar as contribuições para a gestão da associação, bem como João Ruano que irá deixar de ser funcionário da Montis;
b.      serão estruturados grupos de trabalho a partir da vontade manifestada por sócios que se queiram envolver em temas específicos e assumir a responsabilidade de executar um programa previamente definido com a direcção;

c.       será proposto um regulamento interno, tal como previsto nos estatutos, de forma a permitir uma clarificação dos procedimentos eleitorais e outros que possam entender-se como úteis, a aprovar na Assembleia Geral da Primavera de 2017

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